quinta-feira, 30 de junho de 2011

O "barato" que pode sair muito Caro

Nos últimos tempos, o aumento da concorrência entre as corretoras habilitadas a intermediar negociações de ações na Bovespa vem reduzindo drasticamente a receita operacional de todas. Muitas corretoras chegam a operar no prejuízo para poder ganhar mais "competitividade".


Isso impacta de forma decisiva nas pequenas corretoras que precisam cortar custos para sobreviver nessa nova realidade. Nesses cortes de custos, importantes serviços que são prestados aos pequenos investidores estão sendo deixados de lado e a qualidade do atendimento também. Um reflexo disso é o que apresenta a reportagem do jornal Brasil Econômico sobre a mudança das áreas de análise de ações.

Minha visão sobre isso tudo é que muitas vezes o "barato" pode sair muito caro. Essa "competitividade" artificial que algumas corretoras estão criando será passageira pois elas não sobreviverão por muito tempo (nenhuma empresa sobrevive em prejuízo). Procure uma corretora transparente, que invista em tecnologia, que lhe preste boa assessoria e lhe dê boas ferramentas. Isso tudo tem um custo, aceite pagar um preço justo por serviços de qualidade.


Áreas de análise de ações das corretoras em transição

Mariana Segala   (msegala@brasileconomico.com.br) 
28/06/11 13:1




Instituições financeiras mudam perfil das equipes e algumas optam por extinguir departamento.

Os sinais de novos tempos estão chegando às áreas de análise das corretoras de valores. Tradicionalmente formadas por analistas fundamentalistas, que elaboram relatórios e recomendações de compra e venda de ações com base nos balanços das companhias, em algumas casas essas equipes têm assumido outro perfil - e em outras, estão até deixando de existir.

"Não queremos fazer mais do mesmo", diz a presidente da Gradual, Fernanda de Lima. Até o fim do ano passado composta por quatro analistas, a área de pesquisa da corretora agora conta com um só, mais um analista gráfico (que infere sobre o comportamento das ações a partir do histórico das cotações). Fernanda diz que a equipe será recomposta até o fim do ano, mas com novas atribuições.

Os analistas deixarão de fazer a cobertura de empresas voltada a investidores pessoas físicas e passarão a se focar na garimpagem de oportunidades de investimento específicas, direcionadas a clientes institucionais.
Os pequenos investidores serão atendidos por relatórios de uma consultoria independente contratada, a Empiricus Research, e pelo material de análise gráfica.

"O desenvolvimento de modelos e de relatórios consome muito tempo dos analistas", justifica a executiva.

Movimento

O movimento se segue ao de outras corretoras, algumas nascidas já sem área de análise. A filial brasileira da inglesa Icap, estabelecida há dois anos, nunca teve cobertura fundamentalista de empresas. Desde o início, os clientes foram atendidos só por analistas gráficos e relatórios de consultorias terceirizadas, como a Lopes Filho.

A Octo, que assumiu os clientes do Link Trade (antigo home broker da Link) e tem analistas gráficos, está montando uma área fundamentalista. Mas, em vez de cobertura tradicional, os profissionais se dedicarão ao que os executivos chamam de inteligência de mercado: "tradução" de dados para os investidores e identificação de oportunidades com base no consenso de mercado. Já a Link tem cinco analistas.

O foco diferente não é generalizado. A Planner, por exemplo, segue na cobertura tradicional de empresas, focada em nichos.
"Não adianta olhar só Petrobras e Vale, que todos acompanham", diz o chefe de análise, Ricardos Martins. Mas a equipe, que era composta por oito pessoas, agora tem cinco. Na Spinelli, a equipe de quatro analistas hoje tem só dois. Segundo a corretora, a área passa por uma fase de reestruturação e as duas vagas serão repostas visando a alinhar o perfil dos profissionais ao foco de varejo da casa.

Dentre quem optou por fechar as portas da análise estão Brascan e Interbolsa. A Brascan realocou os profissionais, que passaram a fazer análises apenas para o setor de gestão de fundos da instituição. Já a Interbolsa, segundo um ex-funcionário, fechou a área de pesquisa na semana passada para conter custos. Procurados para confirmar a informação, executivos da corretora não retornaram ao Brasil Econômico.

"Isso tem ver com a concorrência entre as corretoras", diz o presidente da Apimec São Paulo, associação dos analistas, Reginaldo Alexandre.
"Esse movimento cria condições para o surgimento de empresas independentes de análise, o que não prejudica o investidor, pois os analistas são igualmente qualificados e certificados."

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Mulheres investem melhor que Homens

Achei muito interessante essa pesquisa publicada pela Barclays Capital. Essa mesma informação é dada no livro Como se tornar um operador e investidor de sucesso (Alexander Elder, 2004 - Elselvier). Elder comenta em seu livro que aproximadamente 95% dos operadores de mercado são do sexo masculino, porém as mulheres que se envolvem em operações de mercado geralmente alcançam mais sucesso.


Segue abaixo a reportagem da Exame.com



Mulheres investem melhor que homens, diz 

pesquisa




Elas são mais avessas ao risco e seguram um investimento por muito tempo; já eles, são excessivamente confiantes

Julia Wiltgen, de 

Carl Dwyer/SXC
Mulher aponta gráfico
A mulher investidora tende a conter o excesso de confiança, conseguindo melhores resultados
São Paulo – Um estudo publicado pela Barclays Capital em parceria com a Ledbury Research concluiu que mulheres que investem tendem a ganhar mais dinheiro do que os homens no mercado financeiro. Os motivos: mulheres correm menos riscos, seguram as ações de uma empresa por mais tempo e, com isso, tomam menos decisões erradas.

A pesquisa foi notícia na imprensa americana nesta terça-feira (14). Em sua coluna no MarketWatch.com, de David Weidner chama a atenção para outras pesquisas já realizadas que demonstram o mesmo sucesso feminino por conta da estratégia menos arriscada. É o caso do estudo acadêmico que descobriu que elas ganham 1% ao ano a mais que os investidores do sexo masculino.
Apesar de oscilar entre o machismo e bajulação em relação às mulheres, o comentarista lembra que muitas vezes faltam aos homens as características preciosas que a maioria das investidoras tem. Diz a coluna que Chun Xia, um professor de finanças de Hong Kong envolvido nas pesquisas do Barclays, escreveu que as mulheres relataram grande desejo de autocontrole ao lidar com as finanças. Elas ficariam inclusive mais estressadas, em razão de um maior desejo por disciplina financeira.
Outro motivo do bom desempenho feminino é o pé no freio quando o assunto é autoconfiança. Elas acreditam em suas estratégias e permanecem por mais tempo com seus investimentos; por outro lado, não têm o excesso de confiança demonstrado por muitos homens, fazendo trades com menos frequência.
A coluna de Weidner chega a sugerir que as mulheres são melhores em tudo. É reducionista pensar que o gênero pode determinar se alguém é bom ou não em desempenhar certa atividade. Fato é, porém, que as mulheres geralmente têm qualidades que faltam à maioria dos homens: disciplina, autoconfiança na medida certa, aversão a riscos excessivos (instinto de preservação mesmo) e estratégias de longo prazo.
Essas qualidades podem ser desenvolvidas por homens e mulheres que desejarem ter sucesso nos investimentos. LouAnn Lofton, editora do site americano de finanças “The Motley Fool”, já mostrou como o sucesso do megainvestidor Warren Buffet decorre da sua forma “feminina” de investir. Lofton está prestes a lançar um livro em que sugere, com humor, que “Buffet investe como uma garota” e que todos devem fazer o mesmo.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A montanha-russa das Bolsas

Stephen Kanitz

A maioria dos brasileiros deve achar uma maluquice as seguidas oscilações nas bolsas de valores. "Prefiro aplicar em imóveis, é mais seguro." "Bolsa é para quem tem estômago, meu negócio é fundo DI." "Bolsa de valores é um mercado de risco, estou fora." Felizmente, a verdade é outra.

Todo dia, menos de 1% das ações é transacionado na bolsa. Na próxima vez em que você ler que "a bolsa cai 10% num dia de intenso nervosismo", lembre-se de que 99% dos investidores nem tomaram conhecimento.

A maioria não vendeu suas posições, só os apavorados o fizeram. Nem o 1% que vendeu em pânico necessariamente perdeu dinheiro, muito menos 10%. Quem comprou ações dois anos atrás vendeu-as com lucro, mesmo que tenham caído no dia exato da venda. Portanto, por que tanta comoção?

Se, em vez de ações na bolsa, você tivesse comprado um flat service num bairro qualquer, um quadro do Scliar ou um livro raro de Camões, você nem saberia quanto o valor desses objetos oscilou nesse "dia de intenso nervosismo". Provavelmente, os preços desses objetos permaneceram na mesma, simplesmente porque ninguém comprou algo parecido no dia.

Na próxima crise financeira, tente vender seu apartamento, seu quadro ou seu livro raro em cinco minutos, como se faz na Bolsa de Valores de São Paulo. Você simplesmente não vai conseguir, não há bolsa de livros raros, nem de quadros famosos, nem de flat services com movimentação e preços diários.

Se você realmente precisar de dinheiro, provavelmente um corretor poderá vender o que você quer com 30% de desconto, anunciando o que se chama de galinha-morta. O jornalismo econômico comete enorme injustiça com o mercado de ações, só porque a bolsa de valores é transparente, divulga tudo on-line, tem preços minuto a minuto, o que permite que os jornalistas tenham assunto todo dia. Isso não ocorre no setor de imóveis, de quadros nem no de livros raros.

"Imóveis e quadros raros despencam 30% em dia de muito nervosismo, bolsa de valores tem queda muito menor" é uma manchete que nunca é publicada. Quadros, livros e imóveis ilíquidos num dia de nervosismo valem zero para quem precisa desesperadamente de dinheiro. Mas isso ninguém divulga.

Como todo administrador financeiro saberá lhe explicar, o que varia de fato de um dia para outro é o preço que você paga para ter liquidez imediata. Em dias de "intenso nervosismo", é o preço por liquidez que aumenta, não é o preço da ação que cai. Você poderia ganhar fortunas comprando nessas horas, oferecendo liquidez a gringos apavorados, mas, se você é levado a acreditar que o mundo está despencando, provavelmente sairá vendendo também.

Em dias de "intenso nervosismo", o preço por liquidez poderá ir para 10% do valor da ação e 30% do valor do imóvel. Só que 99% das pessoas se recusam a pagar esse preço por liquidez – preferem esperar que as coisas se acalmem, no que fazem muito bem.

O que ninguém noticia nessas horas de "intenso nervosismo" é que todo dia metade das pessoas está comprando o que a outra metade está vendendo. A metade otimista compra da metade pessimista. Se incluirmos os 99% que continuam com suas ações, mostrando portanto certo otimismo com relação ao futuro, todo dia tem muito mais otimistas por aí do que pessimistas.

Na próxima vez em que você ouvir um comentário de que a bolsa é um mercado de risco, pense duas vezes. A volatilidade da bolsa é bem menor que a dos imóveis, quadros e livros raros, justamente porque tem sempre alguém comprando, mesmo durante uma crise.

Do ponto de vista financeiro, a volatilidade de algo invendável num dia de "intenso nervosismo" é 100%, mas eu concordo que essa posição é um tanto polêmica, e nem todos irão concordar. Meu ponto, porém, é outro: não é justo considerar alguns mercados "voláteis" somente porque permitem ao comprador vender tudo em questão de minutos, o que não ocorre com quadros, imóveis nem livros raros.

Ações de terceira linha também não têm liquidez imediata, e investidores dessas ações esperam dias melhores, como fazem os de imóveis e livros raros. Mas isso não significa que sejam menos voláteis, simplesmente significa que nesses outros mercados não há cotações nem negócios realizados para virar manchete de jornal.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A História do Maior Investidor Pessoa Física da Bolsa Brasileira

A trajetória do investidor Lírio Parisotto
A história do ex-agricultor de Nova Bassano (RS) para o mercado de capitais traz muitos tropeços, mas também muito sucesso. Investiu em ações de grandes empresas e atualmente o fundo de investimento do de Lírio ultrapassa R$ 1,33 bilhões.
Por Cristiane Moraes


Nascer pobre nunca foi um limitador para Lírio Parisotto, nascido em Nova Bassano, interior do Rio Grande do Sul. Ele sempre quis ser rico e correu atrás do seu objetivo. Depois de abandonar sua vida como agricultor aos 13 anos de idade, foi seminarista, bancário, médico, comerciante, até chegar a industrial e dono da empresa Videolar.
 

Inicialmente pode parecer que vamos contar a história de sua carreira profissional e empresarial, mas na verdade vamos focar no “investidor” que Lírio sempre carregou ao longo de sua vida. A primeira experiência do ex-agricultor no mercado de capitais foi um tanto desastrada, mas nada o desanimou.
 

O empresário sabe muito bem o que é perder dinheiro e conta que cometeu dois grandes erros antes de começar a colher bons frutos nos investimentos em ações. Hoje o fundo de investimento de Lírio Parisotto na Geração Futuro Corretora ultrapassa R$ 1,33 bilhões.


Parisotto ingressou no mercado de capitais em 1971, quando ouvia muitas histórias sobre como dobrar o dinheiro investido em seis meses. Motivado por isso, abriu mão das economias reservadas para comprar um carro e investiu tudo em ações. Resultado: perdeu. “Acho que o que restou não dava para pagar um jantar, pelo menos não com o vinho mais diferenciado”, brinca.
Mesmo assim, não desistiu em1986 teve o seu maior prejuízo. “Entrei no pico do mercado e investi US$ 500 mil, que fazia parte do giro financeiro da empresa”, conta. Logo depois o mercado desabou e novamente o empresário amargou um prejuízo, agora dos grandes, uma perda de US$ 300 mil.



Depois do vendaval, a bonança!

Se por um lado, a carreira de investidor de Lírio parecia fracassada, a de empresário ia de vento em polpa. Ele lia muito sobre a economia brasileira e percebia que mesmo com a queda do mercado muitas empresas continuavam crescendo, gerando lucros e dividendos. Passou a estudar a fundo as empresas e resolveu que iria se basear em fundamentos para investir.

No início da década de 90 descobriu o livro “Faça Fortuna com Ações, Antes que seja Tarde” , Décio Bazin, que era articulista do Jornal Gazeta Mercantil, e sentiu que poderia ser sua grande chance de acertar no mercado de ações.

“Um pouco de sorte e também de preparo fez com que eu entrasse novamente na Bolsa logo depois que o mercado entrou em grande queda”, relembra. Dessa vez, Lírio aplicou US$ 2 milhões e estabeleceu um stop de ganho: quando o valor dobrasse sairia do mercado. E foi o que aconteceu um ano depois.

“Lavei a alma do prejuízo do passado e com o lucro consegui comprar a outra parte da sociedade da Videolar e fiquei com 100% da empresa. “Aprendi como perder e como ganhar”, destaca. Depois disso, o investidor ficou um tempo fora do mercado.

Critérios e Informação


Somente em 1998 voltou para o mercado de capitais, fez um investimento inicial de US$ 6 milhões e formou a carteira que tem há 11 anos. Ele reinveste todos os dividendos, só compra e investe em torno de 12 empresas. Segundo ele, só insere uma nova empresa carteira para substituir outra. “Compro ação para casar, não para ficar. Isso não quer dizer que não possa dar divórcio”, brinca o investidor que afirma que o seu critério para compra de papéis é preço (P/L).

Quando questionado sobre a queda da Bolsa nesse início do ano, diz que não se abalou e que no pior dia de queda aproveitou para comprar. “Meu benchmark é o Índice Bovespa, e em 2007 ele cresceu 43%, enquanto que o meu fundo 80%”, acentua.

Parisotto diz que são tempos diferentes, e que acreditava que o perfil dos investidores tinha melhorado, mas a maioria é gananciosa, e isso só faz perder. “Eu mesmo jamais investi em IPO. Acho que é preciso ter critérios e saber quanto realmente vale uma empresa”, aponta.